terça-feira, 4 de julho de 2017

Do Mundo


Num mundo onde o mundo se pela
Para ficar com outrém
Eu me pelo com a ideia de ficar sem
Mim, de mim para mim
Roubam-me o lugar que de ser eu previligiado
Sendo culpa minha
Que não sei o que é ser amado

Não sei e não faço por saber
A curiosidade de tal sentimento
Não é suficiente
Talvez por saber que irei gostar
Que irei precisar

Prefiro nem tentar
Não vá eu sem querer me agarrar

Por isso chego
Apareço
Junto-me ao rebanho
Mas desapareço tão igual
À maneira que apareci
Do nada e sem mal
Descalça e de bom astral
Intensa que nem selvagem animal
Não peço compreensão
Sequer uma mão
Peço apenas que não se conte
Que fique pro final

O alheio impossível de controlar é
Pra que vou correr o risco
De cair enquanto molho o pé
Não me parece vantajoso
Dá-me até um certo nojo
A facilidade com que alguém se entrega
(Não) prevendo uma valente nega

Ridículo pra mim é
Alguém pensar que tão pouco é
Ao ponto de num estranho
Fazer um depósito de infundada fé

Percebo que não percebes
Minha inquietação constante
Mas há muito percebi eu
Que amada não sei ser
E presa fico
Num mero resquício
De no máximo ser amante
Não sou mulher de estante
Não dá pra guardar
Usa-se por mero instante
Não vá alguém querer ficar
E não possa eu saltar

domingo, 2 de julho de 2017

Postar antes de viver Viver depois de postar


Um dia falava com uns amigos sobre redes sociais e afins.
E um deles disse: Mas oh Pureza, tu tens noção que há pessoas que vivem, pura e simplesmente em função das redes sociais, certo?
E eu pensei.. Que exagero também. Quê? Há pessoas que fazem a vidinha delas a pensar como é que se vai reproduzir em determinada rede social?
Achei descabido e até pensei que estava só a meter-se comigo para ver o que é que eu dizia.
Ora, hoje descobri a lupa do Instagram. Sim só hoje, vá.
E finalmente percebi o que me estava a dizer. Maior parte daquelas pessoas que me iam aparecendo, de facto pareceu-me tudo planeado ao pormenor pra fotografia perfeita.
E tudo bem, não vejo qualquer problema que alguém se esforce para que a fotografia fique o mais apelativo possível.
Ainda assim, eu, na minha ingenuidade, achava que as pessoas viviam e de vez em quando, gostavam de partilhar uma coisa ou outra.
Digo, de uma maneira minimamente natural.
Mas esta maioria de que falo, são pessoas que 'postam' coisas nas redes sociais e lá pelo meio, por acaso, vivem.
Não conhecia tal realidade a este ponto.
Nada contra, só uma maneira modernaça de viver da qual não estava inteirada.