domingo, 2 de dezembro de 2018

Adaptação Desenquadrada


Estou farta de gente sem graça
De desgraça
E de tempo que não passa

Peão do tempo
Insectos mecânicos
A enfiar a vida de viver
Em intervalos do tem que ser

Tudo fodido sem foder
Tudo armado sem ser
Tudo com pressa para chegar ao nada
Para recarregar o que é na realidade alienada

Encontramo nos onde dá
No entretanto do obrigatório
Com tudo o que temos de notório
Estamos com tudo menos com o que está

Que seca do cacete
Estes medos de se ser
Esta facilidade do parecer
É aparente verdade
Que temos de ser pra não morrer

Que valente seca
Esta merda de andarmos todos a medir forças
Quando somos todos igualmente fracos
A saber dos factos
Ainda nos damos ao luxo
De nos perdermos em embaraços
De nos alimentarmos de estardalhaços
Para nos sentirmos cheios
Do vazio que nos deixaram os palhaços

É triste isto
E eu desculpo o meu francês
Porque sou uma vida de porquês
Que nunca se contentou com os talvez
Que os usa como arremeço
Mas sem aceitar o preço

Assim é.