terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Estou sem ficar
Eu não estou cá
Apenas tive antes de me reconhecer
Desde aí que saí
E não vou voltar
Parece que sou
Mas apenas estou
De visita não passa
E assim vai acabar
Nada em mim escassa
Pois nada é de ficar
Volátil sem vida de ter
Estanque no que nunca vou ser
Não me concretizo
Nem me valorizo
Revejo-me na insignificância
Da passageira minha instância
Irremediavelmente intocável
Dou a mão
Parece estável
Mas é de raspão
Não é por capricho
Nem com outra intenção
É o amor que sei dar
Consciente em vão
domingo, 17 de dezembro de 2017
Silêncio, que se vai ler um fardo
De tão farto que estás do teu fardo
Que achas por bem transbordar pro meu lado
A fingir alegremente que é meu agrado
E no fundo é só a valente seca do teu fado
Eu nem sei bem porque é que continuo a escrever
Soa-me tudo a um grande nada
Mas pelos vistos há quem goste do meu nada
Para minha surpresa
Talvez precisem da subtração que não pesa mas adiciona
Não me importo nada disso
Acho óptimo até
Se servir, sirvam-se
Eu só faço isto egoisticamente
Quero lá saber se isto existe
Dá pra perceber
Quem se chateia com o que dá pra perceber
Só se quer perceber sem se ver
Portanto usem à vontade
Mesmo que seja para não se perceberem
Não se percebam comigo, se quiserem
Ou se não quiserem também
Se apenas vos fôr uma reacção espontânea ao que lêem
Melhor ainda
Se vos interessar, olhem pro que estão a ser em detrimento disto
Pode ser giro até
Joguem-se
Brinquem-se
É tão fácil que pode parecer difícil
O fácil é sempre mais difícil
Mas tem a vantagem de dar gozo e ser só vosso
Entender-me seria o fim, o meu e o vosso
Mas eu não tenho medo do fim, enquanto entretanto
O fim enquanto fim é a paz sem encanto
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Ser
O que me define é o que sou
Não o que faço
O que faço é apenas onde vou
E a pegada do meu passo
Nada em mim é fracasso
O próprio é minha força
Não admito o baço
Tampouco vista fosca
Alma Mendiga
Não tenho casa,
Tenho casas
Não tenho casa,
Tenho ideias
Não tenho casa,
Tenho momentos
Não tenho casa,
Tenho alentos
Não tenho casa,
Tenho incertezas
Não tenho casa,
Tenho desavenças
Tenho casa,
Tenho corpo.
Não tenho casa,
Tenho alma.
domingo, 17 de setembro de 2017
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
Saída de entrada
No labirinto que é o amor
Pouco faço senão lidar com a dor
Só entro pela saída
E não me chego à partida
Não perco nem me perco
Da porta ou do caminho
Regozijo-me em afecto
Mas saio sempre de fininho
Ir, não deixo d'ir
Sei que da viagem beberei
Vou sabendo como partir
Pela saída onde entrei
terça-feira, 4 de julho de 2017
Do Mundo
Num mundo onde o mundo se pela
Para ficar com outrém
Eu me pelo com a ideia de ficar sem
Mim, de mim para mim
Roubam-me o lugar que de ser eu previligiado
Sendo culpa minha
Que não sei o que é ser amado
Não sei e não faço por saber
A curiosidade de tal sentimento
Não é suficiente
Talvez por saber que irei gostar
Que irei precisar
Prefiro nem tentar
Não vá eu sem querer me agarrar
Por isso chego
Apareço
Junto-me ao rebanho
Mas desapareço tão igual
À maneira que apareci
Do nada e sem mal
Descalça e de bom astral
Intensa que nem selvagem animal
Não peço compreensão
Sequer uma mão
Peço apenas que não se conte
Que fique pro final
O alheio impossível de controlar é
Pra que vou correr o risco
De cair enquanto molho o pé
Não me parece vantajoso
Dá-me até um certo nojo
A facilidade com que alguém se entrega
(Não) prevendo uma valente nega
Ridículo pra mim é
Alguém pensar que tão pouco é
Ao ponto de num estranho
Fazer um depósito de infundada fé
Percebo que não percebes
Minha inquietação constante
Mas há muito percebi eu
Que amada não sei ser
E presa fico
Num mero resquício
De no máximo ser amante
Não sou mulher de estante
Não dá pra guardar
Usa-se por mero instante
Não vá alguém querer ficar
E não possa eu saltar
domingo, 2 de julho de 2017
Postar antes de viver Viver depois de postar
Um dia falava com uns amigos sobre redes sociais e afins.
E um deles disse: Mas oh Pureza, tu tens noção que há pessoas que vivem, pura e simplesmente em função das redes sociais, certo?
E eu pensei.. Que exagero também. Quê? Há pessoas que fazem a vidinha delas a pensar como é que se vai reproduzir em determinada rede social?
Achei descabido e até pensei que estava só a meter-se comigo para ver o que é que eu dizia.
Ora, hoje descobri a lupa do Instagram. Sim só hoje, vá.
E finalmente percebi o que me estava a dizer. Maior parte daquelas pessoas que me iam aparecendo, de facto pareceu-me tudo planeado ao pormenor pra fotografia perfeita.
E tudo bem, não vejo qualquer problema que alguém se esforce para que a fotografia fique o mais apelativo possível.
Ainda assim, eu, na minha ingenuidade, achava que as pessoas viviam e de vez em quando, gostavam de partilhar uma coisa ou outra.
Digo, de uma maneira minimamente natural.
Mas esta maioria de que falo, são pessoas que 'postam' coisas nas redes sociais e lá pelo meio, por acaso, vivem.
Não conhecia tal realidade a este ponto.
Nada contra, só uma maneira modernaça de viver da qual não estava inteirada.
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