domingo, 3 de junho de 2012
Transparente
Sou transparente.
É um problema,
dentro da sociedade quadrada que vivemos,
é,
é um problema.
Mas não faz mal.
Eu e os problemas somos grandes amigos,
daqueles de infância.
No problemo.
Normel.
Sou transparente como?
Simples.
Tou triste - tou com uma cara triste e se tiver de cair uma lágrima ou outra,
ou um rio,
vai acontecer.
Tou feliz - tou com uma cara feliz, com um sorriso incontrolável, e os olhos "à chinês".
Se tiver de me por aos saltinhos e bater as palmas que nem uma foca contente,
também vai acontecer.
Tou chateada - provavelmente vão tropeçar nas trombas com que fico... até ao chão.
E vê-se, e bem.
Tou irritada ou num estado mais avançado, furiosa - provavelmente ouvem-me a uns bons metros de distância a testar limites das cordas vocais. Se estiver em silêncio... é grave. É um silêncio de quem está planear... É grave.
Mas vê-se.
A expressão facial fica praticamente sem expressão.
Ainda assim, esta ultima emoção é raro tê-la.
É preciso picar muito, muito muito.
Chateio-me com pouco.
Mas é assim que acontece,
não há cá plano B.
É translucido como agua.
Porquê?
Não sei.
Defeito de fabrico.
Veio assim.
Não sei disfarçar,
não sei fingir que a emoção não está lá.
Nem sequer sei como é que se faz.
Quantas vezes não quis rir, e ri.
Ri até me doer a barriga.
Quantas vezes não quis chorar,
e chorei.
Quantas vezes nao quis gritar,
e gritei.
Quem me dera saber como conter,
mas não sei.
E se é assim,
se calhar é assim que tem de ser.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário