sábado, 25 de agosto de 2018

Verdade o Cacete



Durante anos eu achei que era diferente.
Mas não sou.
Eu apenas sou o que sou e mostro-me como tal, e isso, é diferente.
Ou pelo menos, a abordagem de ser ser humano, é diferente.
Ninguém vai jantar, chega à cama, lê um livro, pousa o livro, mete os óculos de ver na mesinha de cabeceira,
que está perfeitamente arrumada e tem uma florzinha viva e radiante em água fresca e um despertador amoroso,
que quando acordam, metem a mão por cima com um ar ensonado e depois se espreguiçam que nem um cão feliz, radiantes,
com o dia fantástico, todo planeado, ou pior (melhor), inesperado, que vão ter.

Isso não é verdade.
Não acontece.
Acontece que a pessoa,
Janta, vai pra cama
E pensa na merda de vida que tem.
E pensa no que gostava de melhorar
(Que é tudo estúpidamente utópico)

No namorado que não tem
Ou no que tem mas que não sabe bem se gosta de nós
Ou na merda de relação que tem com um membro da família, ou toda
Ou na falta de dinheiro que tem e o que é que podia fazer para ter mais
Ou que amanhã vai começar uma dieta nova ou inscrever-se num ginásio

E depois são 5 da manhã
E é uma merda de uma insónia
E não têm a que se abraçar senão uma almofada

Isto é que é verdade
E as pessoas acham isto feio
Como qualquer verdade

Eu acho isto lindo
Porque é verdade.