terça-feira, 4 de julho de 2017

Do Mundo


Num mundo onde o mundo se pela
Para ficar com outrém
Eu me pelo com a ideia de ficar sem
Mim, de mim para mim
Roubam-me o lugar que de ser eu previligiado
Sendo culpa minha
Que não sei o que é ser amado

Não sei e não faço por saber
A curiosidade de tal sentimento
Não é suficiente
Talvez por saber que irei gostar
Que irei precisar

Prefiro nem tentar
Não vá eu sem querer me agarrar

Por isso chego
Apareço
Junto-me ao rebanho
Mas desapareço tão igual
À maneira que apareci
Do nada e sem mal
Descalça e de bom astral
Intensa que nem selvagem animal
Não peço compreensão
Sequer uma mão
Peço apenas que não se conte
Que fique pro final

O alheio impossível de controlar é
Pra que vou correr o risco
De cair enquanto molho o pé
Não me parece vantajoso
Dá-me até um certo nojo
A facilidade com que alguém se entrega
(Não) prevendo uma valente nega

Ridículo pra mim é
Alguém pensar que tão pouco é
Ao ponto de num estranho
Fazer um depósito de infundada fé

Percebo que não percebes
Minha inquietação constante
Mas há muito percebi eu
Que amada não sei ser
E presa fico
Num mero resquício
De no máximo ser amante
Não sou mulher de estante
Não dá pra guardar
Usa-se por mero instante
Não vá alguém querer ficar
E não possa eu saltar

1 comentário:

Unknown disse...

É sempre bom ver poesia a nascer nas gerações mais novas. Parabéns. Gostei muito.