domingo, 16 de maio de 2010

Peer Pressure

Os comportamentos e atitudes que um individuo tem, dependem do grupo em que se inserem e também no contexto em que vive. Isto porque, estando uma pessoa inserida num certo grupo, ou a vontade de se inserir nele, leva-a a agir de maneira que as pessoas desse grupo gostem dela e a aceitem.

São estes os factores, entre outros, que fazem as pessoas caírem numa atitude conformista e de obediência, tais como, a autoconfiança, o desejo de ser bem aceite, de agradar, de atracção pessoal e também de credibilidade.

O factor de autoconfiança faz de facto uma pessoa ter uma atitude conformista, isto porque, quando há falta desta característica, a pessoa em questão sente mais necessidade de se sentir aceite, de ter atenção, de sentir que agrada alguém ou até de ser amada. Não tendo autoconfiança, isto é, a capacidade de se sentir segura e capaz de defender a sua própria pessoa e personalidade sendo exactamente como é, faz com que se crie uma necessidade de construir uma outra identidade em virtude de ser parecida, ou até mesmo igual às pessoas que a rodeiam. Alimentando assim a falta de confiança que tem em si mesma.

Ao ser tal e qual como todas as outras pessoas, ou pelo menos, às do grupo que faz ou quer fazer parte, sente-se realizada, pois cai na ilusão de que essas pessoas gostam realmente dela, quando no fundo, gostam simplesmente de uma pessoa que as imita, que é, aparentemente, parecida a elas, tratando-se tudo de uma farsa.
Foquei o factor da autoconfiança, pois como se pode constatar, acarreta todos os outros factores, sendo então um causador muito importante do conformismo como também da obediência.

Falando mais especificamente destes dois processos de influencia interpessoal, o conformismo e obediência é a consequência de todos estes factores.
É no intuito da pessoa se sentir integrada e aceite na sociedade ou no grupo que se insere que esta tende para ter atitudes conformistas ou até mesmo de obediência. Uma vez que são aqueles os seus objectivos, acaba por ter a atitude mais fácil para os alcançar, portanto, assemelhando-se às pessoas que pretende criar ligações. Esta atitude é como dizia o filósofo Kant, ser menor, deixar-se levar pelo que dá menos “trabalho” e não lutar para manter-se exactamente como é e assumir-se como tal.

A atitude conformista é a maneira facilitada de uma pessoa ter aquilo que quer. Em vez de expor-se ao mundo mostrando aquilo que realmente é, os seus defeitos, as suas qualidades, aquilo que as pessoas gostam de ver nela e aquilo que não gostam principalmente, e defender-se não tendo medo de ser rejeitada ou posta de parte por não corresponder aos ideais de um certo grupo é lhe mais fácil fingir que é como eles a querem ver e então consequentemente e invariavelmente ser aceite.

É então aqui que entra a publicidade e por consequência, os distúrbios alimentares referidos anteriormente (anorexia e bulimia).
A publicidade é uma pura ferramenta de manipulação de mentes e atrevo-me a dizer que até pode chegar a ser instrumento para uma “lavagem cerebral”. Isto claro, sendo dirigida a pessoas de senso comum e de uma futilidade ao ponto de se conseguir esta tal manipulação.

Hoje em dia, os mass media estão por todo o lado. É o rádio, é a publicidade nas ruas (panfletos, placares, posters, anúncios, revistas…) mas principalmente, a televisão. São estes que ditam as regras e os princípios que a pessoa deve seguir para ser aceite numa certa sociedade. São-nos induzidas as normas que devemos seguir (supostamente) para que façamos todos parte de um conceito de sociedade, por mais fúteis que sejam, por mais supérfluas que pareçam, as pessoas acabam por ceder, por e simplesmente para não terem de combater com o facto de haver a possibilidade de serem rejeitadas ou postas de parte pela sociedade. Fazem-nos acreditar que as condutas que vemos retratadas na televisão são as certas, que aquilo que está ali é que nos vai fazer felizes e então o espectador segue-as como escravo da aceitação pelo mínimo esforço possível. São criados estereótipos e preconceitos à volta de tudo o que se tenta vender ao espectador para que este se sinta tanto bem ao aderir a uma determinada coisa como mal ao não o fazer, pois se não o fizer, não vai ser como os outros, logo, não vai ser aceite como gostava, isto claro, supostamente.

Pois há sempre maneira de sermos exactamente como somos, mesmo não sendo aceites por algumas ou muitas pessoas, e sermos felizes com isso, apenas há que haver auto-estima tal como autoconfiança e força para não nos deixarmos influenciar por nada disto que nos tentam incutir nas nossas mentes, tal força que é dada por estas características.

A questão é que realmente é mais fácil não termos de ter essas forças, não termos de remar contra a maré, mas sim deixarmo-nos ir com ela e remar exactamente como os outros, sem ser preciso haver atritos ou quaisquer confusões, logo, as pessoas que se assumem como realmente são, sem que os medos as impeçam de o serem, são significativamente menos do que as pessoas que simplesmente preferem serem apenas mais uma cópia das pessoas que fazem parte da sua sociedade.

Visto isto, a publicidade afecta realmente maior parte da população, muito fútil e superficialmente. No entanto, esta superficialidade, torna-se profunda, no ponto de vista em que as pessoas acabam por tomar atitudes apenas e somente em prole de serem aceites, sem medirem as consequências que isso lhes pode trazer, como a perda da sua própria personalidade e consequentemente, condutas que não estão de acordo com a pessoa que realmente é, com os princípios que tem verdadeiramente.
É por se ver telenovelas em que as vilãs saem vitoriosas, séries em que as más condutas são privilegiadas, anúncios que quase prometem felicidade por comprarmos determinado produto que as pessoas se deixam comprar, no seu mais puro estado de futilidade e inconsciência.

É por uma pessoa ver que determinado grupo tem certas condutas, sejam elas prejudiciais para ela ou não, que esta as vai seguir, pois quem sabe, talvez assim será aceite!

E é aqui que se inserem os distúrbios alimentares.

A anorexia e bulimia são nada mais nada menos que um reflexo dos estereótipos e preconceitos que se criam quanto à imagem de cada um.

O que se transmite às pessoas hoje em dia é que, se se é magro, elegante, no fim de contas, atraente, sendo que o conceito de atraente global é exactamente ser-se elegante, principalmente, magro ou até extremamente magro, no final de contas, quanto mais magro, melhor.

Visto isto, com a vontade desmedida de se ser aceite, a pessoa, quanto mais fútil, mais ao extremo leva esta norma. Uma pessoa do senso comum, apenas quer seguir as regras que se impõem, por mais ridículas que possam ser, sendo quase indiferente a maneira de conseguir aquilo que se quer, não olhando a meios para atingir fins, apenas quer ser igual, apenas quer ser aceite, sentir-se amada e desejada!

Como já foi dito antes, é mais propício este tipo de atitudes em pessoas com uma baixa autoconfiança e auto-estima, mas mesmo assim, este problema afecta uma grande parte da população mundial.

Quis focar este ponto pois, com estas doenças, pode-se chegar rapidamente à morte. E era exactamente a este ponto, chocante, a que eu queria chegar. Quero então principalmente, mostrar, até que ponto uns simples estereótipos e preconceitos conseguem levar pessoa a se matarem aos poucos, apenas para se sentirem integradas numa sociedade. A pessoa passa fome, vomita de propósito, fica cansada constantemente, obcecada todos os dias, apenas, e somente… para sentir a aceitação dos outros. Para quem isto nunca sequer lhe passou pela cabeça parece realmente absurdo, mas aos olhos de uma pessoa que se sente rejeitada ou sentiu ou tem medo de se sentir, faz-lhe todo o sentido, achando até estranho como é que alguém poderá achar estas atitudes absurdas ou ridículas.

É a sociedade fútil e preconceituosa que cria estas situações. Uma pessoa que não se enquadra num certo número de características, é realmente posta de parte, faz-se realmente uma discriminação. Daí as pessoas mais fracas, mais infelizes, menos confiantes, deixarem-se levar por todas estas normas tão superficiais, mas infelizmente com tanto efeito nas pessoas que sentem necessidade de as seguir.

Os gordos são vistos com maus olhos, sejam eles boas pessoas ou não, isso não interessa para a sociedade actual. Os magros, pelo contrário, são bem vistos, também não interessa se são boas pessoas ou não, mas aqui, são adorados, admirados e não descriminados.

Infelizmente, hoje em dia é assim que se vive, numa sociedade materialista, fútil, superficial; que dá valor àquilo que menos realmente importa, ao que a pessoa é por dentro, à sua maneira de ser, à sua personalidade e aquilo que mostra ser no seu interior.

Nestes dias que corre, dá-se sim valor àquilo que a pessoa mostra ter e à sua imagem.

É por isto que as pessoas deixam que as suas mentes se formatem a favor da sociedade, porque sabem que combater todas aquelas consequências como a rejeição e descriminação é francamente muito mais fácil e aparentemente, só lhes traz benefícios.

1 comentário:

Pureza Ricciardi Leitão disse...

Isto foi o um trabalho da minha autoria feito no 12º ano para psicologia em que o tema era: processos de influencia entre os individuos.
Eu foquei-me nos disturbios alimentares e retirei alguns paragrafos com uma explicação mais técnica sobre o assunto.
Espero que gostem e pensei sobre isto.
Obrigada :)