domingo, 3 de junho de 2012

A dualidade do ser



Ser artista,
nascer assim,
é lindo.
É um privilégio.

Nem toda a gente tem capacidades de se expressar,
seja numa tela,
num texto,
numa música,
numa dança,
num click de uma máquina fotográfica.

Quase toda a gente consegue de facto desenhar alguma coisa,
escrever alguma coisa,
cantar,
dançar,
clicar no botão de uma máquina fotográfica.

MAS,
expressar-se através disso...
nem todos.

Mas alguns sim!
Alguns nascem com esse Bichinho maravilhoso dentro do seu ser.

É de facto maravilhoso,
mas esse Bichinho artístico,
alimenta-se de arte,
respira arte,
vive arte.

É víciado,
como Bichinho artistico que é...
em arte.
E cresce,
cresce,
cresce dentro de uma pessoa até ficar maior que ela.

O meu,
está enorme.
Já há muito que me consumiu,
já há muito que é maior que eu.

Ter de lhe pôr travões,
é a mesma coisa que tirar alcool a um alcoolico...
horrível.

Mas às vezes tem de ser,
tenho de o travar.
Senão eu própria seria arte,
arte andante.

Até o sou.
Sou arte só por ser quem sou,
e fazer o que faço.

Mas caso não o travasse de vez em quando,
nem um 10 tirava na faculdade,
nem uma conversa normal saberia ter,
nem conviver saberia como.

Dos piores sentimentos (entre muitos) que um artista pode ter,
é querer expressar-se até ao não-limite,
até ao infinito...
e não poder.
E ter de descer à Terra,
e ser terráqueo.
É uma frustração terrivel.

Às vezes gostava de poder esquecer-me que vivo dentro de uma sociedade,
onde existem regras,
limites,
comportamentos aceitáveis e não-aceitáveis,
correctos e incorrectos,
estranhos e normais.

É uma dualidade constante.
Dualidade tal inevitável na vida de um artista,
que custa... dói.

Mas são sacrificios que se têm de fazer,
simplesmente para que possamos apenas ser.

1 comentário:

Anónimo disse...

lindo demais. Amei