sábado, 2 de junho de 2012

Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou!


Pois é,
muito tempo tive eu na mina,
a ver se encontrava os diamantes que queria.

Encontrei.
Encontrei todos os diamantes que achava que ia encontrar,
e até os que achei não haver.

Foi trabalho do duro,
de manhã à noite,
e de dia para dia.

Saía de lá todos os dias com as mãos em sangue de tanto procurar,
de tanto escavacar na pedra.
Pedra dura e preta.

Mas orgulhosa,
sempre.
Acreditei mesmo nos dias em que já me parecia não haver mais nenhum diamante escondido.
Acreditei.
E encontrei.
Muitos.
Lindos e brilhantes.
Alguns deles ofuscavam-me de tanto brilho.
Fiquei cega por momentos,
várias vezes.
E adorei.
E queria estar.

MAS,
e há sempre um "mas",
encontrei um que me deixou intrigada.

Era puro,
brilhava tanto ou mais como todos os outros que já tinha encontrado.
Mas o brilho deste era diferente,
um brilho mais interior que exterior.
Era preciso olhar com uma lente de grande resolução para conseguir vê-lo brilhar.
Mas dava!
E brilhava...
E bem!

Mas depois...
Luz exterior?
Ui.
Sem lente, era para esquecer!

Quase que parecia que só brilhava para quem queria.
E até certo ponto, penso que escolheu bem as suas "vitimas"...
Até hoje.

Hoje escolheu brilhar para quem deveria precisar de não uma,
mas duas ou três lentes para ver o seu brilho.
Mais que isso,
por muito que o consiga ver,
duvido muito que algum dia consiga perceber,
o valioso que é aquele diamante.

Um diamante com personalidade,
com poder de decisão,
com poder de escolha.
Um diamante com vida própria.
Incrível.
Nunca tinha visto uma coisa assim.

Esta última vitima escolhida por ele,
acredito que nunca irá dar o devido valor a um diamante tão raro e diferente.

Mas é isso que ele quer,
Quer ver se a vitima é capaz de conseguir.
Quer ver até onde consegue chegar,
qual o valor que irá dar.

Quase como se se leiloasse a si mesmo,
mas fechando o negócio previamente.

Acho que está a perder tempo...
e brilho.
Perdeu brilho,
e vai continuar a perder.

Porque o poder não está só de quem mostra,
mas também,
nos olhos de quem vê.

Vou para casa agora,
já vi o diamante com olhos de ver,
adorei.
Cegou-me.
E com o seu brilho interior...
Cegou-se.
Está cego agora.

E agora, é o meu agora.

Já fiz o que tinha a fazer.
Minhas mãos sangram,
por entre crostas e feridas abertas.
E por isso tenho de deixar este trabalho,
preciso das minhas mãos para outros trabalhos,
para outras minas,
para outras descobertas.

Boa descoberta esta.
Nunca vou esquecer.
Este diamante que um dia,
deixou de ser.


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